Central: A falência de um sistema

17 de outubro de 2016

Texto de Bruno Carmelo originalmente publicado no site Adoro Cinema.

O Presídio Central, no Rio Grande do Sul, já foi considerado o pior do país por suas condições estruturais e pela quantidade de mortes, rebeliões e fugas registradas. Hoje, a estrutura mudou, e o número de mortes caiu para próximo de zero. Isso significa que chegamos a um modelo ideal de prisão? Não exatamente. A diretora Tatiana Sager decide fazer uma investigação aprofundada sobre as origens do crime organizado, que mantém a aparência de tranquilidade enquanto profissionaliza o tráfico de drogas e transforma a prisão numa empresa bastante lucrativa.

Central – FotoPara efetuar uma análise deste porte, a diretora recorre a diversos tipos de linguagens e ferramentas documentais. Existem imagens de arquivos, entrevistas com antigos detentos e familiares, imagens feitas pelos próprios internos, com uma câmera fornecida pela diretora, e principalmente os depoimentos excelentes porque conflitantes: enquanto pesquisadores e advogados reforçam a tese da prisão como “escola do crime”, a Brigada Militar, que comanda o Presídio Central, afirma que a separação dos criminosos por facções impede qualquer tipo de aprendizado de práticas ilícitas.

Estamos, portanto, num registro dialético e reflexivo que, ao invés de apontar carrascos, prefere dar um passo atrás e compreender a origem da estrutura atual. O olhar da diretora é abrangente: ela questiona desde os critérios para a ordem de prisão (todos os detentos são pobres, e muitos negros e analfabetos) às condições com que são tratados, no local com esgoto a céu aberto e ratos passando pela cozinha, até chegar nos meios financeiros levados à instituição e à distribuição dos mesmos. Acima de tudo, o filme investiga estruturas de poder, expondo como novos presos são cooptados por facções e forçados a praticar crimes que nunca tinham cometido, dentro e fora da prisão.

Central – FotoFala-se também no sistema financeiro elaboradíssimo dentro da instituição, na entrada livre de telefones celulares e computadores, na movimentação de dinheiro que torna alguns detentos ricos durante a pena e na importância das drogas como meio de manter os presos calmos, impedindo revoltas. Central revela um sistema corrompido, no qual os detentos são os verdadeiros dirigentes enquanto o governo e a Brigada Militar fecham os olhos a tal funcionamento, porque custa pouco ao Estado e traz lucros consideráveis. Mas talvez a principal contribuição do projeto seja mostrar de que maneira os crimes efetuados dentro da prisão refletem na vida de toda a sociedade fora do cárcere, comprovando que a instituição inviabiliza a reinserção na sociedade e força antigos detentos a voltarem para práticas criminosas.

Todos estes questionamentos são costurados por uma montagem precisa, um roteiro inteligente e pela ótima qualidade de captação de som e luz dos depoimentos. Se existe um pequeno porém, ele se encontra nas cenas de abertura e encerramento: a cena inicial investe em ruídos assustadores, desnecessários e menos impactantes do que qualquer outra cena captada dentro do presídio, e a conclusão se arrasta um pouco. Mas nada que retire o impacto de uma obra inteligente e muitíssimo bem realizada.

Filme visto no 44º Festival de Cinema de Gramado, em setembro de 2016.

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